segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Duda,

Você deve estar se perguntando o que foi a China pra mim. Sua mãe terá dito que foi um hospício e terá esperado, sinceramente, que não me deixassem sair. A Cláudia terá dito que sempre pertenci ao mundo e que não medi esforços para me perder nele. Joca terá resumido tudo em dinheiro. E seu avô, sempre tão culto, terá chamado de exílio mental, de Pasárgada. Pois nenhum deles acertou, Duda. A China é o que é. Algumas belas paisagens até onde me permiti ver, um rio menor que o esperado, comida diferente, letras estranhas e indecifráveis, um idioma monossilábico. Não foi o melhor lugar que visitei, nem o pior, apenas mais um. Não estive nos melhores dias da minha vida, não tirei fotos perfeitas para as redes sociais. Apenas andei, sozinho, no meio daquela multidão de orientais. Alguns tentavam ser simpáticos, mas eu não entendia uma palavra sequer. Respondia com sorrisos, quando eles vinham. Não, Duda, eu não estava miseravelmente triste. Só não tinha motivos para sorrir. Mas, acima de tudo, que fique registrado: eu fui fazer o que queria fazer. E agora quero você. Até breve.

Beijos.


"And no man is an island, oh this I know.
But can't you see, oh?"
[Ben Howard]

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