“Não sei se alguma vez tiveste dezessete anos. Se sim, deves saber que é a idade em que a metade do homem e a metade do menino formam um só curioso.”
Machado de Assis
Aqui, o meu eu homem está ansioso. Quer ver os verdes campos o quanto antes. Quer voar pelo azul e branco infinito e provar o cheiro das flores de setembro. Quer tocar os aromas do mundo, puros ou não. Quer ver os sabores da terra.
Mas o meu eu menino se encolhe, com um medo lacrimoso e tênue, dinâmico e inerte. Não quer se despedir dessa vida, que vai ficando para trás. Não quer se desfazer dos derradeiros laços. Pobres laços, talvez. Mas os seus queridos laços.
Sentimentos peculiares à parte, ambos sabem da inevitabilidade do Futuro. Que há de vir, há de veio, há de vem. Advém disso a ansiedade e o receio: do futurista longínquo aceno.
Se conhecer os alcenos e a orgânica inteira bastasse, bastaria dar um basta ao medo. Mas é fato que não basta. Nem a geometria dos corpos, nem a biologia do amor repousa os olhos arregalados de meu eu menino.
Talvez baste seguir um raciocínio simples, até. Que nada vale nada, que tudo se perde em tudo e que somos um singelo “pixel” no universo. Em um dos universos, aliás. E que de nada valeu a descoberta do fogo, os prodígios egípcios, a morte das bruxas, o descobrimento do Novo Mundo, as grandiosas Guerras e a Globalização.
Que tudo o que fizemos, cada desejo íntimo e secreto, cada boa ação, cada homicídio, cada cada não valeu nada. Porque, afinal, no final, o máximo que conseguiremos é destruir isso aqui. E mais o Sistema Solar, quem sabe. Aí, serão alguns “pixels” a menos em um dos universos...
É, pensando bem, o meu eu menino já se acalma. Sei que logo torna a se aflingir, mas até lá é outro tanto de reflexões. Carpe diem. É aproveitar essa chance única, talvez, de gozar a calmaria do entendimento. E todo o resto é i-ne-fá-vel.
Mas o meu eu menino se encolhe, com um medo lacrimoso e tênue, dinâmico e inerte. Não quer se despedir dessa vida, que vai ficando para trás. Não quer se desfazer dos derradeiros laços. Pobres laços, talvez. Mas os seus queridos laços.
Sentimentos peculiares à parte, ambos sabem da inevitabilidade do Futuro. Que há de vir, há de veio, há de vem. Advém disso a ansiedade e o receio: do futurista longínquo aceno.
Se conhecer os alcenos e a orgânica inteira bastasse, bastaria dar um basta ao medo. Mas é fato que não basta. Nem a geometria dos corpos, nem a biologia do amor repousa os olhos arregalados de meu eu menino.
Talvez baste seguir um raciocínio simples, até. Que nada vale nada, que tudo se perde em tudo e que somos um singelo “pixel” no universo. Em um dos universos, aliás. E que de nada valeu a descoberta do fogo, os prodígios egípcios, a morte das bruxas, o descobrimento do Novo Mundo, as grandiosas Guerras e a Globalização.
Que tudo o que fizemos, cada desejo íntimo e secreto, cada boa ação, cada homicídio, cada cada não valeu nada. Porque, afinal, no final, o máximo que conseguiremos é destruir isso aqui. E mais o Sistema Solar, quem sabe. Aí, serão alguns “pixels” a menos em um dos universos...
É, pensando bem, o meu eu menino já se acalma. Sei que logo torna a se aflingir, mas até lá é outro tanto de reflexões. Carpe diem. É aproveitar essa chance única, talvez, de gozar a calmaria do entendimento. E todo o resto é i-ne-fá-vel.
11 comentários:
essas inquietações e dúvidas...
eu sei mto bem como é, vc vÊ um mundo inteiro pela frente, mas sente um frio na barriga ao pensar q esse mundo lindo tbm é selvagem e obscuro...é um caminho sem placas, só alguns avisos repetidos...
belas palavras
obs: da uma olhada mesmo, eu considero uma bela artista
Demais o seu texto!
parabens
www.juicebox-blogspot.com
Que lindo este texto Vinícius.
Não que eu acredite que a época deste momento possa ser definido exatamente, mas com certeza deve acontecer por essa idade.
E quer saber de uma coisa?
Espertos os que mantêm vivos dentro de si essas duas e distintas forças.
E o resto, quer saber, é mesmo inefável.
Rapaz seus textos são ótimos! parabéns!
O homem que não sentir essas aflições está em verdade morto;não para o mundo,mas pra ele própio!
meu blog: www.johnrmulo.blogspot.com
Legal
Mas é melhor ser homem sem deixar de ser garoto =D
duvidas..duvidas e mais duvidas :S
"E todo o resto é inefável.."
Talvez seja essa a questão central... [des]fazer inefáveis o carnal, o humano, o pecaminoso.
A vida, louca vida.
Eu acho que esse seu post ilustra bem o que você me respondeu, né? A vida não para pra esperar a gente. Toda hora é um fim e um recomeço. E nem sempre a gente se apercebe disso.
Mas guarda o que tô dizendo: daqui a pouquinho, você vai sentir saudade desse tempo cheio de dúvida, expectativa e às vezes, até medo... Pelo menos, eu senti medo (eu sinto até hoje, devo confessar)!
E pra terminar: você me jogou no chão, chutou e ainda por cima cuspiu: "Quanto ao Grecin2000, deixa pra lá. Ele não vai esconder o principal."
Tá querendo dizer o quê?
Rsrsrs!
Pó deixar, eu entendi... Foi só pra descontrair!
Bom domingo e boa sorte na nova etapa!
"Feliz o tempo que passou, passou
Tempo tão cheio de recordações
Tantas canções ele deixou, deixou
Trazendo paz a tantos corações"
Vinicius de Morais
O tempo passa, os dias voam...
Mas é neste tempo e nestes dias que está a graça de viver.
Passaram vários dias e vários anos... mas vc nunca vai deixar de ser um menino. A criança que fomos está dentro da gente só esperando para reviver.
Mil beijos
Olá, Vinícius!
Seu texto é maravilhoso. Tem seu estilo nele inteiro, um trabalho perfeito.
Eu estou nesse ponto também, de medo, dúvida, inquietação. Não sei de você, mas acho que o meu problema é relacionado com o fim do colégio e a chegada do vestibular. Ainda tenho um ano, mas isso me assusta.
Quanto à Herman Hesse, não conheço muito sobre os trabalhos dele. Li 'Sidarta' por insistência de meu pai. É um livro muito bom, lembra 'O Alquimista' do Paulo Coelho, só que de uma forma mais poética, mais bonita - eles se relacionam apenas quando cada livro relata a história de um jovem, e a mudança dele até encontrar seu destino.
Hesse que me perdoe compará-lo com Coelho. Ele tem um estilo muito melhor.
Mas, o que posso dizer dele é isso: tem um estilo literário rebuscado, mas muito bonito. É o tipo de livro que os professores dizem ser 'díficil de ler. Os alunos não gostam'. Mas vale a pena.
Beijo da
Lu Paes
♥
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