(...)
De repente, a porta se abriu. Ele ia saindo cabisbaixo do consultório. O médico, atrás, ia fechando a porta com ares de “poxa!”. E a mulher da sua vida caminhava em sua direção, transbordando esperanças.
– Como foi?
– Cansativo. Perguntas demais. Você poderia fazer a gentileza de não me fazer mais perguntas por alguns minutos? Não suporto mais essa entonação de quero-mais, sabe?
– Sim, mas... por quê?
Ele estava claramente triste, apesar da suposta hostilidade. Estava mais cansado que bravo. Tinha mais vergonha que raiva. Não que não suportasse entonações específicas, como apregoava; mas que preferia, naquele exato momento, apenas dormir.
Ela também experimentava sentimentos decrescentes. Ao passo que ele decrescia em realidade, ela via a sua fé diminuir a cada consulta, a cada comportamento, a cada visão do amado. Aquele moço lindo, engraçado e único, de outros tempos, vinha se tornando excêntrico demais.
Os parênteses que a amada antes adicionava à vida, repletos de eufemismos e gracejos, agora povoavam as notas de geladeira, especificando horários de consultas e medicamentos. O que antes era um efeito de rotina, uma cor a mais na vida, transformara-se em símbolo não-metafórico.
(Um mero par de caracteres.)
De repente, a porta se abriu. Ele ia saindo cabisbaixo do consultório. O médico, atrás, ia fechando a porta com ares de “poxa!”. E a mulher da sua vida caminhava em sua direção, transbordando esperanças.
– Como foi?
– Cansativo. Perguntas demais. Você poderia fazer a gentileza de não me fazer mais perguntas por alguns minutos? Não suporto mais essa entonação de quero-mais, sabe?
– Sim, mas... por quê?
Ele estava claramente triste, apesar da suposta hostilidade. Estava mais cansado que bravo. Tinha mais vergonha que raiva. Não que não suportasse entonações específicas, como apregoava; mas que preferia, naquele exato momento, apenas dormir.
Ela também experimentava sentimentos decrescentes. Ao passo que ele decrescia em realidade, ela via a sua fé diminuir a cada consulta, a cada comportamento, a cada visão do amado. Aquele moço lindo, engraçado e único, de outros tempos, vinha se tornando excêntrico demais.
Os parênteses que a amada antes adicionava à vida, repletos de eufemismos e gracejos, agora povoavam as notas de geladeira, especificando horários de consultas e medicamentos. O que antes era um efeito de rotina, uma cor a mais na vida, transformara-se em símbolo não-metafórico.
(Um mero par de caracteres.)
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