segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Talvez, um poema


Estes versos que escrevo agora
São uma de infinitas possibilidades.
Cada era, cada tempo, cada hora,
Com todas as suas particularidades,

Poderia – e ainda pode – ter sido diferente.
Basta supor a ausência de uma ação,
Excluir a fuga e determinar que se tente,
Desfazer a briga e imaginar o perdão.

Basta criar o caráter do homem,
Construir a autoridade dos animais,
Recapturar as ilusões que somem
E impor o respeito aos desiguais.

Basta – e apenas isto basta – repensar.
Pensar diferente, ver os outros lados,
Ouvir, calar, fazer o ódio amar,
Inverter a ordem e recolher os cadeados.

Bata sorrir e correr de braços abertos
Rumo ao Norte exato e distante
Sem se esquecer do Sul próximo e incerto
Nem do poema que encerro – ou não – neste instante.

11 comentários:

Lucas disse...

Porque fazer um poema se posso fazer um poema?

Lindíssimo texto.

" Rumo ao Norte exato e distante
Sem se esquecer do Sul próximo e incerto "


O Sul me é mais atraente.

Abraço.

~*~ Ágatha ~*~ disse...

Como sempre...
Vc sabe completar tudo com palavras e trazer o mais profundo da nossa mente.

Perfeito

Bjoss

Anônimo disse...

Gostei da maturidade da sua escrita, apesar de, em mim, o poema não ter tocado fundo!

abraços!!

Gabriela disse...

Não gosto muito de poemas. Acho que é um trauma de infância já que eu nasci na cidade de Carlos Drummond Andrade e cresci sendo obrigada a recitar aquelas poemas que, para mim, não fazem o menor sentido. Mas enfim, seu blog está muito bonito e organizado. Parabéns!

Astréia e Narciso disse...

Oi! Muito obrigado. Voce, realamente teve o cuidado de ler o meu poema e de me dar um bom comentario que me possibilitou formular questionamentos nao imaginados.

O seu poema também é intrigante, pois, especialmente para nòs, que compomos, existe este sentimento estranho diante de um papel vazio que serà ou nao preenchido por nossa caligrafia ou diante de uma telinha de um blog, para ser mais moderno.

A figura que voce escolheu transmite este sentimento de infinitas possibilidades. E cada verso, cada estrofe, cada palavra poderia ser mudada, mas colocamos aquela, mas poderia ser outra. O poema se constroi através de pequenas escolhas e, algumas vezes, termina com um gostinho de "quero mais". Tudo de bom!

Leonardo disse...

Otimoooooooo digno de grandes escritores, parabéns

~*~ Ágatha ~*~ disse...

Ei achou meu blog ;)

Obrigadinhoo

BJão =**

Kelly Castelucci disse...

Muito lindo!!!!

DouglasFerT disse...

Ai. Acho q to MUITO sensível hoje... E parece que soh encontro poemas de amores que podem voltar a dar certo novamente...

Será que o meu dará?
[...]

o Cronista disse...

ei, otima tentativa, é assim que achamos o norte e voltamos ao su, sempre entre o leste e o oeste.

Lucas disse...

"Desfazer a briga e imaginar o perdão."

Interessante pensar que no meio de um mundo como tal, a ideia do perdão seria remediável.

Caro Vinícius... continua como no início um escritor nato e o blog está muitíssimo bem apresentado.

Parabéns, abraço... e sucesso.

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